sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Governo pretende equipar a rede de ensino com notebook

Santos, 04 de setembro de 2007.

O jornal Metro apresentou, em sua edição de ontem, matéria sobre a pretensão governo federal em adquirir 150 mil computadores notebook, para equipar as escolas públicas do Brasil.
Esses computadores, que possuem finalidade educacional e de alta resistência, inclusive contra quedas e líquidos, estão sendo desenvolvidos por diversas empresas, entre elas a Intel. Eles ainda terão acesso a Internet, através de rede sem fio, e dependendo do modelo o disco rígido será trocado por memória flash (mesmo sistema utilizado em equipamento Ipod).
Concordo que a iniciativa é válida quando se fala em exclusão digital, mesmo sendo essa ainda de método de aplicação discutível. Afinal acabar com a exclusão digital não é apenas equipar as escolas com computadores, é também preparar os professores a fazer uso destes equipamentos sob a ótica educacional. Além disso, devemos ter consciência e preparo para analisar se a rede de ensino não possui necessidades mais importantes.
Esta mesma preocupação foi apresentada pelos profissionais de educação. Segundo eles não basta apenas colocar computadores nas escolas, isso até poderia piorar a situação. O próprio Ministério da Educação divulgou uma pesquisa onde apontava que, nas escolas públicas que receberam computadores, a nota média dos alunos baixou.
Isso prova que, ainda temos muito que fazer antes da chegada desses computadores as nossas salas de aula.

Ainda sobre o assunto, o jornal Estado de São Paulo, na edição de hoje, apresenta matéria sobre escolas que estão utilizando, em caráter experimental, computadores em salas de aula. Conforme a diretora de uma escola de Porto Alegre, os resultados tem sido satisfatórios e que os alunos estão descobrindo o computador como fonte de pesquisa e não somente para diversão e entretenimento. Não sou contra a sua utilização, inclusive acredito que bem utilizado, o computador poderá melhorar e muito o nível escolar. A questão é saber qual o critério de distribuição a ser utilizado, assim como a estrutura tecnológica necessária para seu bom aproveitamento e quem será o responsável pelo custo da montagem e manutenção desta estrutura.

Lembrando ainda que, temos centenas de escolas, espalhadas pelo Brasil, que não possuem estrutura física ou humana para atender o mínimo previsto na constituição, quanto mais receber e fazer uso de tais equipamentos.

Discutindo o assunto com meu irmão, que trabalha na fundação cultural de uma prefeitura do Estado de São Paulo, e de um professor, mestre em comunicação social, concluímos que, assim como a lousa, os cadernos e os livros, os computadores, desde que bem utilizados, podem ser utilizados como ferramenta para se obter o conhecimento desejado e necessário, mas em relação a sua compra, esta deveria ficar a critério dos conselhos de pais e mestres por entendermos que, sendo conhecedores da realidade das escolas, estes saberão priorizar as suas necessidades.

Quanto ao investimento a ser efetuado, o governo pretende comprar, neste primeiro lote, 150 mil equipamentos, mas sabe-se lá quantos serão no total e a que preço. A previsão é que cada notebook seja adquirido ao preço de $130, gerando um investimento inicial, para este primeiro lote, de aproximadamente R$ 54.600.000,00, sem contar o custo da estrutura necessária para sua utilização.

No montante o valor é representativo, equiparando-se ao prêmio da mega-sena acumulado por semanas, mas imaginando a cota a ser destinada a cada escola esta talvez não chegasse a ser representativa dentre tantas necessidades, mas mesmo assim deveríamos possibilitar as escolas, através de seus conselhos de pais e mestres, a opção de escolher entre participar ou não desse projeto, ou ainda, que a sua cota de computadores pudesse ser revertida em ações que minimizassem as suas necessidades.

Outra preocupação é que no futuro esses mesmo computadores novamente tornem-se manchetes de jornais, onde participariam da abertura de mais uma CPI para apurar compras superfaturadas de equipamentos que nunca chegaram ao seu destino, ou quando muito serem encontrados, ainda encaixotados, em uma escola, sem energia elétrica, perdida no sertão nordestino.

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