sexta-feira, 4 de junho de 2010

Caminhando ao meio do desperdício.

Trabalhando na região central da cidade de São Paulo, tendo como ponto de referência o tão famoso Mercado Municipal, diariamente caminho por suas redondezas a caminho da empresas para qual trabalho.

Ao percorrer esse percurso, onde se podem notar diversos imóveis antigos e perdidos na sua história, muitas vezes abandonados e servindo de abrigos a moradores de rua, noto, através da quantidade de verduras, legumes e frutas jogados no chão, que as ruas próximas ao Mercado Municipal são utilizadas para a descarga dos produtos oriundos das fazendas.

No momento que transito pela região os caminhões já se retiram, deixando para a equipe de limpeza urbana da prefeitura o árdua trabalho de liberar as ruas da sujeira, fazendo uso de uma pá carregadeira, visto a enorme quantidade de produtos jogados no chão, podendo-se calcular em algo muito próximo a tonelada.

Esse ainda poderia ser um fato corriqueiro, afinal diariamente são recolhidas dezenas de toneladas de lixo, se algo não me chamasse a atenção. Os produtos jogados no asfalto não estão impróprios para consumo, muitos estão apenas “machucados” devido ao transporte, mas em perfeita condição para o consumo, porém com sem valor de mercado.

Os produtos, ao serem descarregados, passam por uma triagem visual, onde os que apresentarem condições de serem comercializados são destinados ao mercado, os demais, mesmo que ainda em condição de serem consumidos, jogados para as rodas dos caminhões e destinados ao lixão.

Não sei informar se parte desses produtos, ainda nas últimas horas da madrugada, são aproveitados pelos moradores de rua local, mas nas primeiras horas da manhã poucos são os que se aventuram a buscar alimento entre os montes de alfaces, couves, beterradas, cenouras, abobrinhas, etc..., que se espalham pela rua.

A questão é que tamanha quantidade de alimentos são destinados ao lixão, enquanto diversas famílias passam fome.

Será que tais alimentos não poderiam ser direcionados a entidades de assistência social? Ou mesmo distribuídos nas comunidades carentes?

Será que somos tão limitados a ponto de não encontrarmos uma solução? Ou falta apenas boa vontade?