sexta-feira, 26 de outubro de 2007

O valor do conhecimento...

Introdução de um artigo retirada do Instituto Teológico Franciscano do Rio de Janeiro

Para o texto completo, entre muitos outros, acesse o link abaixo:
http://www.itf.org.br/index.php?pg=conteudo&revistaid=4&fasciculoid=14&sumarioid=103


BABEL E PENTECOSTES (Gn 11,1-9 e At 2,1-13)
Paulo F. Valério

Na profusão das línguas, a difusão da multiforme ação de Deus na história e a confusão dos projetos humanos de dominação Introdução Embora a Escritura não estabeleça nenhum paralelo literário ou teológico explícito entre Gn 11,1-9 e At 2,1-13, a interpretação cristã[1] tem descoberto razões para fazer certa aproximação teológica entre estes dois textos: praticamente todos os comentários do Gênesis aludem ao texto de Atos dos Apóstolos (e vice-versa)[2].

Gênesis exemplificaria o castigo pela revolta pecaminosa dos seres humanos contra Deus, que lhes confunde as línguas, de modo que aqueles que buscavam unidade vêem-se agora dispersos numa desordem na qual não mais se entendem mutuamente[3], enquanto Atos seria a restauração daquela unidade e entendimento mútuo que se perderam: O novo Pentecostes é uma Babel ao contrário. Em Babel…, um espírito contrário ao projeto de Deus acabou planejando a construção idolátrica com a conseqüente dispersão dos homens. Em Pentecostes, o Espírito Santo protagoniza um projeto que é capaz de unir a todos[4].

J. Dupont considera sugestivo o paralelo, e argumenta que o fundamento desta aproximação estaria mais nas situações do que nos textos: O relato dos Atos não revela nenhuma alusão que permita pensar que Lucas e os primeiros cristãos já haviam interpretado o mistério de Pentecostes em contraste com a história de Babel[5].

No presente texto, sem pretender anular a compreensão supramencionada, propomo-nos seguir linha de interpretação diversa, levando em conta outros elementos. Apresentamos, de forma concisa, a composição literária dos textos, situando-os em seus respectivos contextos literários. Quanto ao ambiente vital (Sitz im Leben), aludimos apenas o texto de Gênesis, dado que o ambiente vital de Atos é mais conhecido[6]. A aproximação do dois textos, no nível teológico, enfatiza mais o texto de At, e procura ver, na profusão (não tanto ‘confusão’) das línguas, a dispersão como difusão da multiforme ação salvífica de Deus na história, e a confusão efetiva dos projetos de dominação do ser humano.

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