sexta-feira, 26 de outubro de 2007

"Droga de Elite"

Classe A é maior consumidora de drogas, revela FGV
http://noticias.br.msn.com/brasil/artigo.aspx?cp-documentid=5619810#toolbar

Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que jovens da classe A são os maiores consumidores de drogas do País. O economista Marcelo Néri batizou o estudo divulgado hoje de "Droga de Elite", em referência ao filme "Tropa de Elite", de José Padilha. "O retrato é muito semelhante daquele traçado no filme. Quem consome drogas é o garoto de elite, são jovens homens brancos solteiros de alta renda que vivem nas capitais do Sudeste e freqüentam uma instituição privada de ensino: 62% da classe A, com cartão de crédito", disse.
O estudo mostra ainda que apenas 0,06% da população do Brasil declarou consumir drogas. Em valores atualizados, a despesa média com drogas das pessoas que declararam ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) consumir maconha, lança-perfume ou cocaína é de R$ 75 por mês. "Nossa política contra o tráfico enfatiza muito a questão da oferta, e pouco a questão do consumidor, como o filme chama a atenção. É preciso ter alguma política sobre isso, seja a liberação do consumo de drogas leves, seja uma repressão. Acho que estamos no pior dos mundos."

Ele interpretou como "efeito colateral da droga" o fato de o estudo ter detectado, entre esses jovens, alto índice (11,8%) de atraso no pagamento de aluguel e de moradia em áreas onde foram relatados problemas com violência na vizinhança (63%). O perfil do consumidor de droga no País foi traçado com base em dados da última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, de 2003.

O valor do conhecimento...

Introdução de um artigo retirada do Instituto Teológico Franciscano do Rio de Janeiro

Para o texto completo, entre muitos outros, acesse o link abaixo:
http://www.itf.org.br/index.php?pg=conteudo&revistaid=4&fasciculoid=14&sumarioid=103


BABEL E PENTECOSTES (Gn 11,1-9 e At 2,1-13)
Paulo F. Valério

Na profusão das línguas, a difusão da multiforme ação de Deus na história e a confusão dos projetos humanos de dominação Introdução Embora a Escritura não estabeleça nenhum paralelo literário ou teológico explícito entre Gn 11,1-9 e At 2,1-13, a interpretação cristã[1] tem descoberto razões para fazer certa aproximação teológica entre estes dois textos: praticamente todos os comentários do Gênesis aludem ao texto de Atos dos Apóstolos (e vice-versa)[2].

Gênesis exemplificaria o castigo pela revolta pecaminosa dos seres humanos contra Deus, que lhes confunde as línguas, de modo que aqueles que buscavam unidade vêem-se agora dispersos numa desordem na qual não mais se entendem mutuamente[3], enquanto Atos seria a restauração daquela unidade e entendimento mútuo que se perderam: O novo Pentecostes é uma Babel ao contrário. Em Babel…, um espírito contrário ao projeto de Deus acabou planejando a construção idolátrica com a conseqüente dispersão dos homens. Em Pentecostes, o Espírito Santo protagoniza um projeto que é capaz de unir a todos[4].

J. Dupont considera sugestivo o paralelo, e argumenta que o fundamento desta aproximação estaria mais nas situações do que nos textos: O relato dos Atos não revela nenhuma alusão que permita pensar que Lucas e os primeiros cristãos já haviam interpretado o mistério de Pentecostes em contraste com a história de Babel[5].

No presente texto, sem pretender anular a compreensão supramencionada, propomo-nos seguir linha de interpretação diversa, levando em conta outros elementos. Apresentamos, de forma concisa, a composição literária dos textos, situando-os em seus respectivos contextos literários. Quanto ao ambiente vital (Sitz im Leben), aludimos apenas o texto de Gênesis, dado que o ambiente vital de Atos é mais conhecido[6]. A aproximação do dois textos, no nível teológico, enfatiza mais o texto de At, e procura ver, na profusão (não tanto ‘confusão’) das línguas, a dispersão como difusão da multiforme ação salvífica de Deus na história, e a confusão efetiva dos projetos de dominação do ser humano.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Brasileiros descobrem 'reservatório' de células-tronco em cordão umbilical

Brasileiros descobrem 'reservatório' de células-tronco em cordão umbilical
Equipe da USP identificou fonte nova e abundante desse material, normalmente descartado nas salas de parto
Herton Escobar

Cientistas brasileiros descobriram uma nova fonte de células-tronco do cordão umbilical humano que poderá alterar a maneira como esse material é tratado nas salas de parto dos hospitais. Muitos serviços já oferecem o congelamento do sangue do cordão, que contém células-tronco hematopoéticas (precursoras das células sanguíneas) e pode ser usado em transplantes de medula para o tratamento de doenças como a leucemia. O cordão umbilical em si é jogado fora. A nova pesquisa, porém, mostra que ele está repleto de células-tronco de outro tipo, chamado mesenquimal, também com grande potencial terapêutico.“O recado fundamental é ‘não jogue fora o cordão’”, diz a geneticista Mayana Zatz, que coordenou a pesquisa na Universidade de São Paulo (USP). As células-tronco mesenquimais (CTMs) estão entre as mais versáteis das células-tronco adultas (de origem não embrionária). Podem formar osso, gordura, cartilagem, músculo e até neurônios, segundo alguns trabalhos.

Muitos cientistas esperam um dia aproveitar essa plasticidade no tratamento de doenças e lesões - por exemplo, na recuperação de corações enfartados e na reconstrução de tendões e ossos.As pesquisas, porém, necessitam de uma quantidade grande de células. No organismo adulto, as CTMs são encontradas em vários tecidos, mas principalmente na medula óssea e no tecido adiposo (gordura) - tanto que muito material para estudo é obtido em clínicas de lipoaspiração. As células podem também ser obtidas de pacientes por punção da medula óssea, mas este é um método invasivo e com possíveis complicações.O cordão umbilical aparece agora como uma opção farta, indolor e de fácil obtenção. Bastam 10 centímetros (o cordão humano tem em média 40 cm) para obter uma grande quantidade de células-tronco mesenquimais, segundo Mariane Secco, primeira autora do trabalho, que fez a pesquisa como parte de seu doutorado no Centro de Estudos do Genoma Humano da USP.

Os resultados da pesquisa, anunciados ontem, foram publicados na revista Stem Cells, uma das mais prestigiadas da área. Os pesquisadores trabalharam com dez cordões e conseguiram estabelecer linhagens de CTMs a partir de todos eles. Já no caso do sangue de cordão, o rendimento foi muito inferior: das mesmas dez amostras, só uma apresentou células-tronco mesenquimais (o que não invalida seu potencial como fonte de células-tronco hematopoéticas).Assim como o sangue de cordão é congelado após o parto, afirma Mayana, seria importante guardar também o cordão - ou, mais especificamente, as células-tronco mesenquimais contidas nele. O processo não requer tecnologia avançada e poderia ser praticado em qualquer hospital. Estudos passados já haviam mostrado a presença de CTMs no tecido do cordão, mas não em número suficiente para justificar o congelamento ou como uma fonte viável para pesquisa. “Estamos falando, literalmente, de aproveitamento de lixo”, afirma Mayana, referindo-se à maneira como o cordão é descartado após o parto. “Estamos jogando fora a fonte mais rica de células-tronco mesenquimais.”Ela ressalta que ainda são necessárias muitas pesquisas para transformar essas células em ferramentas terapêuticas de fato. O estudo apenas identifica o cordão umbilical como fonte de CTMs.

Ainda assim, as perspectivas são grandes. Enquanto as células do sangue podem ser aplicadas apenas no tratamento de doenças sanguíneas, as mesenquimais oferecem um cardápio maior de aplicações. Equipes da USP já estão testando as células em camundongos e cachorros, incluindo vários modelos de distrofias musculares.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Direito à Vida é tema central da Semana da Doutrina Social

REFLEXÃO
Direito à Vida é tema central da Semana da Doutrina Social, entre os dias 22 e 24

17/10/2007

A UNISANTOS realizou, entre os dias 22 e 24 deste mês, a Semana da Doutrina Social, com o tema central O Direito à Vida. Aberta ao público em geral, foi realizada no Campus Dom Idílio José Soares (Avenida Conselheiro Nébias, 300). No dia 22, a discussão foi sobre os Riscos à Qualidade de Vida Pessoal, com o professor doutor Marcelo Niel, da Universidade Federal de São Paulo, psiquiatra do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes de Álcool e Drogas. No dia 23, o tema Riscos à Qualidade de Vida Ambiental foi apresentado pelo advogado e ambientalista Eduardo Hipólito do Rego, do Conselho Estadual do Meio Ambiente.

Hoje, o tema Bioética será discutido pelo professor doutor em Teologia Moral, Leo Pessini, membro da diretoria da Associação Internacional de Bioética, superintendente da União Social Camiliana e vice-reitor do Centro Universitário São Camilo, às 20 horas.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Vale do Rio Doce... e agora?

Mais de 3,7 milhões pedem a anulação do leilão da Vale
Organizadores da consulta popular realizada em setembro vão agora usar o expressivo resultado da votação para pressionar a Justiça a agilizar o julgamento das ações contra a venda da empresa.

Maurício Thuswohl – Carta Maior

RIO DE JANEIRO – As entidades organizadoras do plebiscito sobre a Companhia Vale do Rio Doce divulgaram na semana passada os números finais da consulta popular que foi o ponto alto da mobilização do Grito dos Excluídos este ano. Mais de 3,7 milhões de pessoas votaram em 3.200 municípios distribuídos de Norte a Sul do Brasil.
O resultado da votação não poderia ser mais claro, com 94,5% dos votantes afirmando que o controle da Vale deve sair das mãos do capital privado e voltar para as mãos do Estado.Também foram divulgados os resultados das demais perguntas que constaram da consulta popular. A reforma da Previdência foi rechaçada por 93,4% dos votantes, enquanto 92,1% afirmaram que o governo federal não deve pagar os juros das dívidas interna e externa em detrimento da melhora nas condições de vida da população pobre do país. Também de forma esmagadora, com 93,7% dos votos, o plebiscito organizado pelas entidades dos movimentos sociais determinou que o capital privado não deve seguir explorando o setor elétrico.

“O plebiscito foi um grande exercício pedagógico de recriação da cidadania. Foram mobilizados mais de 104 mil militantes em todo o Brasil e o resultado foi uma grande pesquisa de opinião nacional”, afirma Luiz Bassegio, que é membro da Secretaria Continental do Grito dos Excluídos e foi um dos organizadores do plebiscito este ano. Bassegio avalia que a consulta popular deixou um claro recado para o governo: “Com um universo de quase quatro milhões de votantes e com um resultado desses, ficou comprovado que a população brasileira é amplamente favorável à anulação da privatização da Vale”, diz.Terminada a contagem dos votos, agora vem a fase de trabalhar politicamente o expressivo resultado do plebiscito. O desejado encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, não deve acontecer: “Estamos tentando há semanas marcar um encontro para levar o resultado do plebiscito ao presidente, sem sucesso. Além disso, ele já disse publicamente que a questão da Vale não vai entrar em sua agenda de jeito nenhum. Por isso acredito que não seremos recebidos no Planalto”, lamenta Bassegio.

Além da difícil tarefa de conquistar a adesão do presidente da República, os movimentos sociais pretendem usar o resultado da consulta popular para pressionar os juízes da 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) a recusar o recurso apresentado pela direção da Vale do Rio Doce com o intuito de impedir o julgamento do mérito de 69 ações populares, iniciadas na 1ª Vara Federal de Belém, que pedem a anulação do leilão da empresa. Até o momento, somente dois dos oito juízes aptos a votar - Luiz Fux e José Delgado - já divulgaram seus votos, ambos favoráveis à direção da Vale. O julgamento permanece paralisado desde junho, quando o ministro João Otávio Noronha pediu vista do processo.Grande mídia ignora plebiscitoApós ter divulgado com festa e estardalhaço que a Companhia Vale do Rio Doce havia ultrapassado a Petrobras e se tornado a maior empresa brasileira, os principais veículos de mídia praticamente ignoraram a consulta popular organizada pelo Grito dos Excluídos.

Uma detalhada análise feita pelos jornalistas Antonio Biondi e Cristina Charão e publicada no Observatório do Direito à Comunicação mostra que os jornais não dedicaram mais do que pequenas notas ao plebiscito, enquanto algumas emissoras de tevê agiram como se a consulta que mobilizou mais de 3,7 milhões de pessoas simplesmente não tivesse existido.“Mais uma vez, a população demonstrou no plebiscito um saudável espírito de nação e de defesa de um Estado presente e atuante. A grande imprensa, por sua vez, reafirmou em sua cobertura a contrariedade em relação a um Estado que planeje e colabore com o desenvolvimento e o crescimento do Brasil e que atue em diversas áreas da economia e da sociedade de modo a promover a superação de desigualdades históricas”, afirma o documento produzido pelos dois jornalistas, que são integrantes do coletivo de comunicação social Intervozes.

Em sua análise, Charão e Biondi também chamam a atenção para “o divórcio verificado entre o que a população expressou como opinião e vontade de mudança e o que a grande imprensa buscou reportar em relação ao plebiscito”. O desejo da grande mídia, segundo eles, era claramente o de adulterar o verdadeiro caráter do plebiscito: “Apesar de a mídia corporativa não ter a capacidade de inventar de fato um outro povo e um outro país, a cobertura da mobilização sobre a Vale foi mais uma tentativa de criar uma versão dos fatos e da história em evidente desacordo com a realidade”.

Quando citou a consulta popular, a maior parte da cobertura feita pela grande imprensa, segundo o documento, “se limitou a usar o plebiscito como mote para criar uma confusão de identidade entre os movimentos populares e o governo e buscou oferecer claramente argumentos que apontam que a privatização foi responsável pela modernização da empresa”. A análise é concluída com a afirmação de que “de maneira geral, a imagem construída pela mídia sobre o plebiscito foi a de que se tratava de iniciativa anacrônica e restrita a uma pequena e pouco representativa parcela da sociedade, que seriam os movimentos sociais ou os setores de uma esquerda mais radical”.